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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Lendas de garoa e lua Capitulo 1


Ai vai o primeiro capitulo!


Capitulo 1

Eu estava chegando perto de casa, umas 9 da noite. O carro que me deu carona esperava até eu entrar no prédio. De repente ficou tudo escuro, um blecaute. Os faróis do carro não davam pra iluminar o portão, mas era lua cheia. Não sou acostumada a dançar e os meus pés doíam então fiquei descalça e atravessei a rua o mais rápido que pude. Fiz tchau com a mão livre, agradecendo a carona e ao entrar no prédio, vi um vulto que me assustou. “Você precisa me ajudar!” disse uma voz sumida, de menina, um sotaque muito estranho. Fingi que não ouvia, o porteiro abriu a porta e corri para dentro, o coração batendo forte. Calcei os sapatos que me deixavam alta, como a minha mãe,  passei pela portaria resmungando algo sobre a escuridão repentina. “ficou tudo escuro de repente, seu Eusébio!”, mas se tivesse esperado pela resposta, teria ouvido algo como “mas tem lua, minha filha!” E quem se importa com a lua? Antes de virar o corredor, olhei para a rua. O vulto menina ainda estava lá, como se esperasse alguma coisa de mim.  Um estronde enorme, um raio iluminou a rua escura, a menina tinha o rosto pregado na porta de vidro. Tão rápido como caiu a escuridão, uma tempestade despencou sobre a cidade. Voltei para a porta, fingindo ter esquecido ou perdido alguma coisa, olhando para o chão. Sem olhar para o porteiro, perguntei “quem é essa criatura?” “não to vendo ninguém, Lavínia” “perdi minha chave,  deixa eu ver se caiu no chão”. O vulto, iluminado pela luz da lua era menos assustador do que me pereceu olhando de dentro. Fazendo de conta que procurava algo, tive tempo de ouvir a menina falando “Eu me chamo Ranayo, na sua língua. Eu estou esperando por você faz um tempo. Mas agora eu não posso ficar. Me ajuda!” e ao dizer isso, deixou cair  uma adaga que brilhava  em meio ao breu da noite. Quando fui pegar a pequena faca, uma bola, não um tamborzinho também caiu de dentro da roupa dela saiu rolando pela calçada. “como eu sou desastre” a menina disse. E como se eu precisasse de explicação, completou “mas eu só tenho 13 anos, na sua cidade isso e muito pouca!”
 Saí em direção ao tamborzinho fujão, mas ele veio ao meu encontro, como um ioiô. Coisas assim me deixariam maravilhada e intrigada, mas eu devia estar muito cansada, com receio de me expor na rua. Voltei para dentro e o vulto da menina sumiu. Coloquei a chave dentro do fundo do tambor e mostrei ao porteiro, com um ar triunfante: “achei, aqui dentro!” O porteiro deu um risinho educado de aprovação. “Boa noite, Lavínia!” Eu respondi com um grunhido e com gesto, que ele não podia ver no escuro. Sem luz, sem elevador. Era preciso subir do jeito difícil, a escada parecia ter crescido, os meus passos faziam barulho, que combinava com o rugido da tempestade lá fora.
Enfiei a chave na porta, mas minha mãe abriu antes, aliviada por me ver inteira, eu acho. “você podia ter me ligado, a cidade está apagada!” ela disse com uma lanterna providencial na mão.  “eu já tava chegando aqui” disse, tirando os sapatos que doíam como os da Cinderella (aliás, como alguém pode dançar com um sapato de cristal, sem cortar os pés? Fora que, que eu saiba, cristal não é dobrável, então não teria como andar dentro de um sapato daqueles – ah, esqueça, eu sou só uma adolescente cansada!). Olhando para o meu tamborzinho, mamãe me disse rindo “você ganhou presente! Que lindo tzusumi. Um tzusumizinho.” Ela se adiantou e pegou o pequeno tambor e começou a tocar com as mãos. A adaga felizmente caiu dentro do meu sapato, sem fazer barulho, Deus é pai. Não contem para ninguém, mas mamãe tem uma aparência assim de mulher bem seriona, mas no fundo, ela é uma criança grande. Aliás, aqui em casa, todas são meio crianças, fora eu. Não sei o que seriam delas sem mim. Peguei os sapatos, com a adaga dentro, e fui pro meu quarto. Agora teria que enfrentar a “princesa”, no meio do caminho. Ah, além de mamãe, tem a minha irmã. Ela até que é divertida, mas é muito barulhenta, TV alta, som alto, fala alto no telefone, derruba tudo o que encontra pelo caminho. Se a casa está silenciosa, é porque ou ela não está ou está dormindo, se bem que mesmo dormindo, às vezes ela faz barulho, falando ou roncando (não contem isso para ninguém se não eu estou morta!). Minha irmã se chama Lea, e sempre que eu posso, eu a chamo de princesa Lea. Ela não gosta muito, por isso é mais divertido ainda. “Quem tá fazendo esse barulho?”, ela acordou esfregando os olhos. “É a mamãe, tocando um tzu qualquer coisa!” eu tentava ganhar tempo para esconder a adaga no meu quarto, sem chamar a atenção da princesa. Peguei a adaga, coloquei dentro de uma bota, e enfiei no fundo do meu guarda roupa, a princesa tinha se levantado e estava atrás de mim. “O que você tem ai?” mostrei os meus sapatos vermelhos, de saltos altíssimos. Ela desconfiou “você tá escondendo alguma coisa! Quando você faz assim, é porque tá escondendo! Deixa eu ver!” ela não acreditava que eram só os sapatos que estavam na minha mão, mas ainda bem que não achou mais nada. “Amanhã eu descubro o que você tem aí” ela deu meia volta e arrastando o cobertor, voltou para a cama! Mamãe ainda continuava tocando o tzugume (não, “gume” é o fio da adaga). “Mamãe. Como é mesmo o nome do tzugume?” “Sumi tzusumi”








Lendas de garoa e lua

Yo! Vou avisar que eu vou postar uma história aqui no meu blog, foi o Amilcar que escreveu!
São 4 capítulos que eu vou postar de semana a semana!
O nome: Lendas de garoa e lua.